sexta-feira

Intervenção Psicológica ao Apego Inseguro nas Psicopatologias incluindo os Transtornos Alimentares

 


A Teoria do Apego iniciou na metade do século XX através do Psiquiatra e Psicanalista John Bowlby e a Canadense Mary Ainsworth. A palavra apego (attachment), vem do sentido de contato, aproximidade. Foi utilizada para demonstrar uma das mais importantes formas de sistemas comportamentais-“O SISTEMA DE APEGO”.  Aproximação importante que deve ocorrer sobre os seus cuidadores, como uma estrutura sobre a saúde física e mental para promoção de proteção à criança, buscando atender às necessidades básicas essenciais na infância.¹

Segundo Bowlby, é de extrema importância que essas necessidades sejam atendidas nos primeiros anos de vida, podendo sofrer consequências irreversíveis sobre sua vida emocional e física, caso haja ruptura importante sobre essas questões.¹

Reis (2019,p.96 apud Daskalakis, Bagot, Parket, Vinkers & Kloet, 2013), apontam que a relação construída pelos cuidadores como a matriz, em que todos os próximos vínculos posteriores serão desenvolvidos sobre esse pilar de APEGO SEGURO. Quando essa vinculação de bases seguras, suas necessidades básicas de sobrevivência e amor não foram construídos, Bowlby e Ainsworth estabeleceram o termo APEGO INSEGURO, podendo trazer disfuncionalidade quanto à saúde da criança.²

Entende-se assim, como APEGO INSEGURO como a negação sobre os cuidadores de perceber, interpretar, amar, cuidar, proteger, bem como atender às necessidades básicas individuais da criança nos primeiros anos de vida podendo se estender até a adolescência. Também podem levar ao apego inseguro situações importantes na vida da criança, como: abusos, desnutrição, violência, falta de suporte social, adoecimentos.³

Reis (2019, p.96), traz como aliado ao entendimento das complicações decorrente do Apego Inseguro, as recentes pesquisas da neuroplasticidade para explicar quanto o estresse em fases inicias da vida, pode ser capaz de promover importantes adaptações sobre o funcionamento das estruturas cerebrais em desenvolvimento da criança, sobre questões ligadas à afetividade e cognição, nas estruturas do hipocampo, o giro cíngulo, a amigdala e o córtex-pré frontal. ²

Reis (2019, p.98 apud Baes, Martins, Tofoli,& Juruena), Crianças que cronicamente experimentam ambientes abusivos, podem trazer desordem sobre ao funcionamento em circuitos neurais, sendo importantes para sobrevivência, como é o caso do eixo HPA(Eixo Hipotálamo-Pituitária-Ádrenal). Este eixo sendo responsável a resposta ao estresse. Essa desregulação, tem sido apontado como o mais conhecido  resultado ao estresse precoce(Estudos sobre EARLY LIFE STRESS-ELS), associado ao Apego Inseguro, interferindo ao processamento emocional interno e externo da criança, aumentado riscos para doenças.²

Resumindo, através desses achados, a psicoterapia é um grande aliado sobre a intervenção sobre patologias de causas desconhecidas, podendo sugerir serem de origem somática em fases iniciais de desenvolvimento. Estudos recentes internacionais têm mostrado a urgência de profissionais de Psicologia se apropriarem dos conhecimentos da Neurociência para o entendimento de questões relacionados para psicopatologias de causas desconhecidas, depressão entre várias doenças psiquiátricas.3

 

“A infância é um chão que a gente pisa a vida inteira.”

Ariane Osshiro

 

Referências

1-Gomes, Adriana de Albuquerque. A Teoria do apego no contexto da produção científica contemporânea/ Adriana de Albuquerque Gomes, Ligia Ebner Melchiori. São Paulo:Cultura Acadêmica, 2012, 396 p:il.

2-Reis, Aline Henrique. Terapia do Esquema com crianças e adolescentes: do modelo teórico à prática/Organizado por Aline Henrique Reis-Campo Grande: Episteme, 2019.

3-[Link] Associações entre apego e dor: De criança a adolescente - PMC (nih.gov)


https://www.youtube.com/watch?v=i0Pr3rY3nGs