sábado

O SENTIDO DO EXISTIR CONSTRUÍDO ATRAVÉS DA AUTOBIOGRAFIA DURANTE O PROCESSO DE ADOECIMENTO E HOSPITALIZAÇÃO

 

Congresso Brasileiro de Psicologia Hospitalar 

2019- Salvador 


O SENTIDO DO EXISTIR CONSTRUÍDO ATRAVÉS DA AUTOBIOGRAFIA DURANTE O PROCESSO DE ADOECIMENTO E HOSPITALIZAÇÃO

Eixo Horizontal: EH12: PESQUISA, PRODUCAO E DIVULGAÇÃO DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Eixo Vertical: EV1: PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Kátia Regina Neves Baptista Guerra;


O presente trabalho trata de um relato de experiência sobre a perspectiva da área da psicologia hospitalar, desenvolvido no projeto de extensão Brinquedoteca do setor de Pediatria, em um hospital público da cidade do Recife-PE. O interesse por narrativa autobiográfica vivenciada na prática pedagógica, subsidia esta proposta de estudo no âmbito da psicologia hospitalar. A partir das inquietações advindas da observação do movimento e/ou cinesia apresentado pelas crianças e adolescentes, projeta-se o olhar a uma ludicidade expressada nos desenhos, na pintura e na escrita. Nesse contexto, emerge o interesse de (re)conhecer o hoje desses sujeitos hospitalizados. As atividades psicoeducativas propostas promovem o (re)significado do seu momento de adoecimento. Este projeto de intervenção hospitalar intitula-se: O LIVRO DOS HOJES. Simonetti (2014) nos traz como possibilidade para o manejo clínico da psicologia hospitalar a psicoeducação, como um campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento. O objetivo geral apresentar a importância da autobiografia sobre um manejo clínico psiceducativo para sujeitos hospitalizados, bem como promover atividades psicoeducativas às crianças e adolescentes hospitalizados;Possibilitar um (re) significado do sentido do existir em cada sujeito hospitalizado;Desenvolver o Livro dos Hojes nos sujeitos hospitalizados. A metodologia deste projeto é um relato de experiência sobre uma prática de intervenção psicoeducativa iniciada em 2016, realizada em um hospital público da cidade do Recife-PE. O local da vivência é o setor de Pediatria, especificamente na Brinquedoteca. O público alvo são as crianças e adolescentes internados, de ambos os sexos, com idades aproximadas de 2 anos até 17 anos e 11 meses. Eles são acompanhados pelo setor de psicologia, que as convida a expressar diariamente no seu Livro dos Hojes sua vivência sobre o seu adoecimento e hospitalização. Através da produção do livro, ocorrem as intervenções individualmente sobre suas narrativas expressivas, que permite ultrapassar o manejo pedagógico, para o âmbito da psicologia hospitalar. Critelli (2016) relata que por meio da narrativa o indivíduo pode além de expor ao outro sua explicação sobre determinado fato, tem a possibilidade de ao mesmo tempo revisitar e ressignificar experiências que não fizeram sentido.

Quanto à presença do outro, torna-se imprescindível a testemunha para autenticar as ações na experiência. Tem como resultado sobre esta intervenção Psicoeducativa, intitulada O LIVRO DOS HOJES, que possibilita às crianças e adolescentes hospitalizados elaborar uma atividade pedagógica, que gradualmente promove uma compreensão sobre o seu processo atual, recriando possibilidades sobre os seus sentimentos frente a sua existência. Este manejo clínico no âmbito psicoeducativo da psicologia hospitalar, viabiliza o re-encontro da criança e do adolescente com os seus sentimentos anteriores à hospitalização e o seu enfrentamento ao adoecimento. Através da produção do Livro dos Hojes, eles tornam capazes de construir um entendimento sobre o SENTIDO DO EXISTIR no processo de adoecimento e hospitalização. O marco teórico que embasa este estudo fundamenta-se nos autores: Dulce Critelli, Jean Clark Juliano, Luiz Cancello e Alfredo Simonetti.


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quinta-feira

Sintoma e Conceitualização de Caso

 


A Interpretação dos Sintomas na Psicologia Clínica: Fumaça, Vulcão e os 3 Ps na Conceitualização de Caso


Na escuta clínica, o sintoma não deve ser compreendido como um inimigo a ser combatido, mas como um sinal que anuncia algo mais profundo  assim como a fumaça que emerge de um vulcão sinaliza uma movimentação intensa no seu interior. A imagem do vulcão nos convida a compreender que os sintomas psíquicos são apenas a face visível de uma complexa engrenagem interna que envolve vivências, vulnerabilidades e histórias emocionais.


Sintomas como ansiedade, somatizações, distúrbios alimentares, comportamentos opositores ou retraimento social, muitas vezes, são apenas a “fumaça” de processos emocionais subterrâneos que precisam de interpretação cuidadosa e acolhedora. Eles são expressões legítimas de sofrimento, e não meros comportamentos a serem extintos. Segundo a Terapia do Esquema, esses sintomas são ativados por esquemas desadaptativos formados em contextos de necessidades emocionais não atendidas na infância (Young et al., 2008).


Para além da descrição comportamental, é necessário compreender o que mantém, ativa ou predispõe esse sintoma, por meio de uma análise clínica conhecida como os 3 Ps: Predisponentes, Precipitantes e Perpetuantes. Essa organização contribui para a conceitualização de caso, permitindo uma intervenção que vá além do sintomático e abarque o histórico emocional do sujeito.

- Fatores Predisponentes referem-se à história pregressa do indivíduo, como experiências precoces de insegurança emocional, traços de temperamento, vivências de negligência ou superproteção, e estilos parentais que interferiram no desenvolvimento da autonomia e da autoestima.

- Fatores Precipitantes são eventos desencadeantes que ativam esquemas emocionais preexistentes, como separações, perdas, mudanças bruscas ou adoecimentos.

- Fatores Perpetuantes dizem respeito a tudo aquilo que mantém o sintoma ativo, mesmo após o evento inicial ter passado, como padrões de evitação, reforços ambientais involuntários e ausência de suporte afetivo consistente.


De acordo com Abreu (2019), os padrões de apego desenvolvidos na infância moldam a forma como o sujeito lida com emoções, relacionamentos e estressores ao longo da vida. Quando a criança cresce em um ambiente relacional instável, suas estratégias de vinculação podem se tornar inseguras, gerando dificuldades de regulação emocional e contribuindo para o surgimento de sintomas clínicos.


Gerhardt (2017) complementa ao destacar que os primeiros vínculos moldam diretamente o desenvolvimento do sistema nervoso e a capacidade de autorregulação. A ausência de cuidados responsivos e consistentes impacta áreas como o sistema límbico, o eixo HPA e os níveis de ocitocina, contribuindo para maior vulnerabilidade ao estresse, estados de hiperativação ou colapso emocional.


Esse olhar clínico integrativo fundamentou a atuação descrita por mim, enquanto psicóloga hospitalar, no artigo científico publicado na Revista Residência Pediátrica (Lira, Guerra, Costa & Santos, 2024), onde realizamos uma intervenção psicológica precoce no contexto de dor crônica idiopática em adolescentes internadas em unidade de enfermaria pediátrica. Utilizando os 3 Ps como eixo de conceitualização  predisponentes, precipitantes e perpetuantes  investigamos o papel do apego inseguro como fator de risco central na sintomatologia dolorosa.


Nos casos descritos, técnicas de reparentalização limitada, escuta validante e abordagem das memórias traumáticas promoveram rápida redução da dor, diminuição da necessidade de analgésicos e melhora funcional em poucos dias de internação. Essa experiência clínica reforça o entendimento de que o sintoma (a dor, nesse caso) é apenas a superfície visível de uma história emocional mais profunda que precisa ser ouvida e integrada. A psicologia hospitalar, ao atuar desde a admissão, foi capaz de acessar as raízes do sofrimento psíquico e contribuir para uma recuperação mais eficaz, afetiva e menos medicalizada.


Como destacam Siegel e Bryson (2015), “a integração é a base da saúde”. E integrar, na prática terapêutica, significa unir o que foi fragmentado  corpo, emoção, memória, vínculo  para que o sujeito possa, enfim, viver com mais liberdade e segurança interna.




Referências


Abreu, C. N. (2019). Teoria do apego: Fundamentos, pesquisas e implicações clínicas. Artesã Editora.


Gerhardt, S. (2017). Por que o amor é importante: Como o afeto molda o cérebro do bebê (2ª ed., M. Ritomy, Trad.; L. V. Corso, Rev. técnica). Artmed.


Lira, R. R. S., Guerra, K. R. N. B., Costa, B. M. B., & Santos, A. R. B. V. (2024). Intervenção no apego inseguro para tratamento da dor crônica idiopática em pediatria. Residência Pediátrica, 14(2), 1–4. https://doi.org/10.25060/residpediatr-2024.v14n2-998


Siegel, D. J., & Bryson, T. P. (2015). O cérebro da criança: 12 estratégias revolucionárias para nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar sua família a prosperar (C. Zanon, Trad.). nVersos.


Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do esquema: Guia do terapeuta. Porto Alegre: Artmed.




Psicóloga Kátia Baptista Guerra

CRP 02/22746

Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar

Neuropsicóloga | Neurociência e Trauma na Infância | Transtornos Alimentares

sábado

A criança que fica em nós

 A Criança Que Fica em Nós


A criança que fica em nós




(Verso único)

Era uma vez um corpo pequeno,

Que sentia o mundo inteiro por dentro.

Cada lágrima, um grito calado,

Cada dor, um afeto silenciado.




(Refrão curto)

Toda criança um dia vai lembrar

De quem ajudou seu corpo a sarar.

Mas vai guardar com mais ternura

Quem cuidou da sua alma com doçura.




(Final)

Pois o sintoma que se faz ouvir

É a história pedindo pra existir.

E a criança que agora está no leito,

Também mora em cada peito.


segunda-feira

SINTOMAS- Música por Kátia Baptista Guerra





O sintoma é um sinal.

Um pedido silencioso de uma parte nossa que ainda dói —o

algo que o corpo grita quando a alma não teve espaço pra falar.


Vivemos numa cultura que ensina a esconder, a calar.

Mas o que cura não é o silêncio. É o encontro com o que ficou abafado.


Na Terapia do Esquema, entendemos que o sintoma não deve ser apagado,

mas compreendido, escutado, cuidado.


Ele é como uma cartinha da nossa criança interior, dizendo:

-“Será que agora você pode me ouvir?

- “Será que posso ser cuidada como precisava?”


Se isso tocou você… talvez seja hora de começar a se reconectar.

Psicóloga Kátia Baptista Guerra 
CRP 02/22746

Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar; Neuropsicologia e Neurociência Trauma na Infantil.
Terapia do Esquema pelo Grupo Wainer Psicologia 

domingo

Música: “O colo que eu esperava”.




 “O Colo Que Eu Esperava”


Letra por Katia Guerra


[Verso 1]

Querida mãe, respira um pouquinho

Hoje eu vim falar baixinho

Com a mulher que cuida sem parar

Mas também com a criança que ainda vive aí no seu olhar


Antes de ser mãe, você foi filha

Antes de cuidar, também quis guarida

Antes de proteger, você só queria alguém

Pra dizer: “Vai ficar tudo bem”


[Pré-refrão]

Fecha os olhos, sente o chão

Respira fundo com o coração

Tem uma menina aí dentro de ti

Que só quer ser vista, só quer emergir


[Refrão]

Ela ainda mora em você

Na rotina, no medo, no amanhecer

E hoje, entre o cansaço e a emoção

Ela aprende a ser mãe na sua mão

O colo que ela nunca teve inteiro

Agora pode ser verdadeiro

É tempo de reencontrar

E de se recomeçar


[Verso 2]

Entre plantões e silêncios guardados

Tem uma pausa pedindo cuidado

Um fio te conduz pela sua história

Da infância à vitória de amar com memória


[Ponte]

Não é sobre ser perfeita, é sobre ser real

Nomear o sentimento, dar limite com sinal

É sobre curar feridas com afeto e intenção

E acolher sua dor com compaixão


[Refrão Final]

Ela ainda mora em você

E agora começa a entender

Que cuidar de um filho é também se cuidar

Que amar o presente é se resgatar

Você é o colo que ela esperava

E a mãe que ela mesma sonhava

O fio que te conduz…

É amor que reluz.




quarta-feira

Jogo Disney -JOGO ADIVINHA O QUE ÉL É O MICKEY? OU SERÁ A MIRABEL? TENTE ADIVINHAR SEU PERSONAGEM!- adaptável para Clínica psicológica infantojuvenil na abordagem da Terapia do Esquema e TCC


 






JOGO COMERCIAL ADAPTADO PARA CLÍNICA PSICOLÓGICA 


Protocolo de Intervenção Clínica/ adaptado com novo protocolo para o uso do Jogo “Adivinha o Personagem”/ Clínica Psicológica Infantojuvenil. 

 

 

Objetivo:

                                    Ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem compreensão emocional e psicológica.

                                    Estimular a identificação de padrões de comportamento e traumas na infância e adolescência.

                                    Trabalhar a relação entre ambiente, estilos parentais e temperamento.

                                    Aplicar os princípios da Terapia do Esquema e da TCC na análise de personagens.

 

 

Estrutura do Jogo

 

Faixa etária: pode ser usado com crianças a partir de 8 anos.

Tempo médio: vai depender da demanda de cada paciente.

Materiais:

                                    Cartas com personagens da Disney (Mickey, Mirabel, Buzz Lightyear, Elsa, Simba, entre outros)

                                    Cartas com perguntas terapêuticas sobre temperamento, estilo parental, ambiente e traumas

 

                                    Fichas de registro para conceitualização clínica

 

Etapas do Jogo e Aplicação Clínica

 

Fase 1 – Escolha do Personagem

                                    O jogador escolhe ou recebe um personagem surpresa.

 

Fase 2 – Respostas às Perguntas Terapêuticas

                                    O terapeuta faz perguntas sobre o personagem, como:

              1.              Qual é o temperamento do personagem? (Baseando-se no Big Five)

                  2.              Como foram seus cuidadores? (Estilos parentais)

                3.              O ambiente em que viveu favoreceu segurança emocional?

                 4. O personagem passou por traumas ou experiências difíceis?

                  5.              Como isso afetou suas emoções, pensamentos e comportamentos?

 

 

Fase 3 – Conceitualização de Caso

 

                                    A criança/adolescente é incentivada a relacionar as respostas à sua própria experiência.

                                    O terapeuta pode sugerir a criação de um “Mapa da Vida do Personagem” (linha do tempo com eventos emocionais marcantes).

 

 

Raciocínio Clínico e Conceitualização de Caso

Carta surpresa: “Mickey Mouse”

 

Exemplo: Conceitualização do Mickey Mouse na Terapia do Esquema e TCC

1.        Temperamento:

 

 Extrovertido, otimista, persistente.

 

2.        Estilos parentais:

 

Não se sabe muito sobre os pais do Mickey, mas ele parece ter desenvolvido autonomia e resiliência.

 

3.        Ambiente:

 

 Vive em um mundo de fantasia e aventura, mas enfrenta desafios constantes.

 

4.        Traumas:

 

 Mickey às vezes enfrenta perdas e situações difíceis, mas mantém uma atitude positiva.

 

5.        Esquemas iniciais possíveis:

 

Abandono (falta de figuras parentais), Privação Emocional (pouco suporte emocional).

 

 

 

 

6.        Modos Esquemáticos:

 

Criança Vulnerável (quando está inseguro), Adulto Saudável (quando resolve problemas).

 

 

7.        Intervenção Clínica:

 

Trabalhar resiliência, validar emoções, desenvolver estratégias adaptativas.

 

 

 Benefícios Terapêuticos

                                    Favorece a empatia e compreensão emocional.

                                    Permite que a criança/profissional explore padrões de comportamento.

                                    Estimula a metáfora terapêutica para falar de sua própria história.

 

 

Espero que te ajude, como tem me ajudado nas minhas intervenções clínicas psicológicas infantojuvenil.

 

 

Psicóloga Katia Baptista Guerra

CRP 02/22746






 

 

 

      

                                    



                                   

                           


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