Intervenção Psicológica no Apego Inseguro: Uma Abordagem Baseada na Terapia do Esquema e na Parentalidade Consciente
O desenvolvimento infantil é um processo dinâmico e influenciado diretamente pela qualidade dos vínculos estabelecidos com os cuidadores desde os primeiros anos de vida. No artigo “Intervenção Psicológica no Apego Inseguro: Relato de Caso Clínico em Unidade de Enfermaria de Pediatria”, destaca-se a importância de intervenções precoces para minimizar os impactos do apego inseguro em crianças hospitalizadas (Lira et al., 2024). A Terapia do Esquema, por sua abordagem integrativa, é uma ferramenta essencial para ressignificar experiências emocionais adversas e promover um desenvolvimento mais saudável.
Essa perspectiva se alinha às reflexões apresentadas por Schütz (2024) em seu livro Do que a infância do seu filho precisa, no qual a autora explora as necessidades emocionais infantis e os esquemas disfuncionais que podem emergir a partir de falhas no vínculo afetivo. A relação entre esses conhecimentos fortalece a necessidade da intervenção precoce no apego inseguro, capacitando pais e cuidadores para oferecerem suporte emocional adequado e prevenirem padrões desadaptativos que podem se consolidar ao longo da vida.
A importância da infância para a construção do apego seguro
Schütz (2024) enfatiza que a infância é um período crítico para a formação dos padrões emocionais e relacionais, e que a Teoria do Esquema pode contribuir significativamente para a compreensão desse processo. A literatura da Terapia do Esquema corrobora essa visão ao demonstrar que experiências adversas na infância moldam a maneira como o indivíduo percebe a si mesmo e aos outros.
Quando necessidades emocionais básicas — como segurança, aceitação, validação e autonomia — não são atendidas, a criança pode desenvolver padrões de apego ansioso, evitativo ou desorganizado, que se refletem em dificuldades emocionais ao longo da vida. Essa compreensão é essencial para fundamentar estratégias de intervenção precoce, como descrito por Lira et al. (2024), que reforçam a importância de construir um ambiente emocionalmente seguro para crianças hospitalizadas.
Além disso, Schütz (2024) aborda a influência do temperamento infantil no apego. Crianças com maior sensibilidade emocional são mais vulneráveis à negligência ou à inconsistência parental, o que evidencia ainda mais a necessidade de um olhar atento para estratégias preventivas no cuidado emocional da infância.
Esquemas disfuncionais e a perpetuação do apego inseguro
O impacto das vivências infantis na vida adulta é um dos pontos centrais abordados por Schütz (2024). Experiências precoces moldam crenças fundamentais sobre si mesmo e sobre os outros, resultando na formação de esquemas disfuncionais, como os de abandono, privação emocional e desconfiança, que podem levar a dificuldades nos relacionamentos interpessoais.
A Terapia do Esquema enfatiza a necessidade de curar a criança interior, oferecendo novas experiências emocionais reparadoras. No contexto da intervenção precoce no apego inseguro, isso significa ajudar pais e cuidadores a reconhecerem seus próprios esquemas desadaptativos e evitarem sua transmissão intergeracional. Como demonstrado por Lira et al. (2024), a construção de um vínculo terapêutico seguro é essencial para que a criança possa expressar suas emoções e desenvolver maior estabilidade emocional.
O duelo de necessidades emocionais e a parentalidade consciente
Schütz (2024) aborda o conceito do duelo entre as necessidades emocionais da criança e as limitações do cuidador. Esse conflito ocorre quando os pais precisam equilibrar demandas internas e externas e, por conta disso, nem sempre conseguem atender plenamente às necessidades afetivas dos filhos. Esse fator pode levar a uma parentalidade inconsistente, contribuindo para o desenvolvimento de padrões de apego ansioso ou evitativo.
Na prática da intervenção precoce no apego inseguro, é essencial ajudar os pais a reconhecerem esses padrões emocionais para que possam ressignificar sua relação com os filhos. Como proposto por Lira et al. (2024), a mediação parental e a psicoeducação são ferramentas fundamentais para garantir que os cuidadores compreendam a importância de oferecer uma presença afetiva consistente, favorecendo a construção de um apego seguro.
Neste sentido, a Intervenção precoce como chave para a segurança emocional, revelando a a correlação entre a Terapia do Esquema, a Teoria do Apego e os conceitos apresentados por Schütz (2024) reforça a importância da intervenção precoce no apego inseguro como um recurso fundamental para a saúde emocional da criança.
Tanto no ambiente clínico quanto na orientação parental, a construção de um vínculo seguro e responsivo se apresenta como um fator essencial para minimizar os impactos de experiências adversas e promover um desenvolvimento emocional saudável. O artigo de Lira et al. (2024) exemplifica como essa abordagem pode ser aplicada no contexto hospitalar, mas os mesmos princípios podem ser amplamente utilizados na prevenção de padrões disfuncionais em diferentes contextos familiares.
Ao integrar esses conhecimentos em minha atuação profissional, busco não apenas amenizar os efeitos do apego inseguro, mas também orientar pais e cuidadores a compreenderem sua própria história emocional para que possam estabelecer relações mais saudáveis e seguras com seus filhos. Dessa forma, contribuímos para a construção de um ambiente emocionalmente estruturado que promove resiliência e bem-estar ao longo da vida.
Referências
Lira, R. R. S., Guerra, K. R. N. B., Costa, B. M. B., & Santos, A. R. B. V. (2024). Intervenção no apego inseguro para o tratamento da dor crônica idiopática em pediatria. Residência Pediátrica, 14(2), 1-4. https://doi.org/10.25060/residpediatr-2024.v14n2-998
Schütz, N. T. (2024). Do que a infância do seu filho precisa: Compreenda as necessidades emocionais com base na teoria do esquema (R. Nunes, Ilustr.). Sinopsys Editora
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https://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/v14n2e998.pdf